sexta-feira, 29 de junho de 2012

A SELEÇÃO DE ANIMAIS ZEBUINOS NO BRASIL...PARA ONDE CAMINHAMOS?



* Paulo Frange

As dúvidas que sempre perseguem o criador, são as seguintes:



Que tipo de animal queremos selecionar?

Onde queremos chegar com nossa seleção? Pra que mercado estamos selecionando? Funcionalidade? Pistas?

Como chegar em menor tempo possível, e com o menor custo?

A resposta como sempre, é dirigida pela visão econômica da atividade. Animais mais precoces são mais rentáveis. A funcionalidade traz retorno econômico com menor risco e maior mercado. Isso parece claro!

Animais cujo temperamento nos incomoda, que são inquietos e de difícil manejo, nos relatos dos nossos próprios colaboradores, devem ser descartadas do rebanho. A busca por animais de melhor temperamento, já é consenso entre os criadores. Quem não tem coragem de descartar, não consegue selecionar!

Iniciar pelo temperamento, cuja avaliação é subjetiva, é dever de todos nós. Ninguém ganha com animais de temperamento indesejável.

A avaliação zootécnica profissional, buscando musculosidade, profundidade de carcaça, arqueamento de costelas, aprumos corretos e largura de lombo, sem perder sua caracterização racial, é o foco de nossa seleção. Animais equilibrados, precoces sexualmente, e de bom temperamento, é o nosso alvo. É o nosso foco!

O PGMZ nos dá uma extraordinária contribuição, nos tirando da subjetividade e do achismo que dominou por décadas até mesmo os mais apaixonados e experientes criadores. Essa ferramenta nos aproxima das verdades das DEP´s, que orientam quanto ao peso, peso a desmama, ao sobre ano, circunferência escrotal, entre outros. Também nos afasta da endogamia.

Outra preocupação que sempre temos e vamos continuar atentos, é com o modismo. Evitar trocar o certo e as ferramentas certas por situações mercantilistas que tendem apenas ao interesse especulativo!!! A pecuária é rentável, mas não suporta desperdício, e gastos desnecessários.

Os erros... bom, esses podem até acontecer!!! Certamente acontecem em qualquer seleção. Mas, com as ferramentas disponíveis atualmente ficamos dentro da margem de segurança, e os corrigimos rapidamente. Lidamos com probabilidades e alta complexidade inerente da própria compreensão da genética.

Para selecionar, é prudente escolher primeiro o caminho a seguir. Não se afastar da irrevogável lei de mercado. Buscar animais economicamente rentáveis. Os nossos tourinhos, grandes responsáveis pelo custeio de nossa atividade, tem que ter adaptabilidade a pasto. Eles tem que sobreviver e reproduzir em condições adversas de solo, gramíneas de pastagens degradadas, ter alta libido, e a rusticidade própria da raça nelore, que foi a razão de levar nossos pioneiros criadores até a Índia.

É importante refletir sobre esses problemas. Fazem parte do dia a dia de nossa atividade e , por trabalhar muito, o criador muitas vezes perde a oportunidade de rever os rumos de sua trajetória. Não deixe nunca de compartilhar esses sentimentos com outros companheiros. É importante compartilhar o sucesso e socializar, dividir as angústias!!!

Nesse processo, a seleção muitas vezes se transforma em subproduto. O nosso maior produto, o maior patrimônio, passa a ser o relacionamento, e a amizade que permeia esse ambiente. A grande maioria dos criadores selecionadores tem mais de uma atividade profissional. Quase sempre , tem sucesso nas duas ou mais atividades.

Sem amigos, sem companheiros, sem assessores e colaboradores não chegamos e não vencemos. A receita do sucesso então é a seguinte:

1º Visão do Futuro; temos que saber o que queremos criar e qual mercado pretendemos atender.

2º Estratégia (Planejamento); é impossível iniciar uma seleção sem previamente traçar uma estratégia. Sem planejamento, a atividade é onerosa, pois você vai pagar sempre sozinho por todos os erros.

3º Foco. Saber o que quer e não perder de vista os objetivos, fugindo dos modismos e de experiências isoladas que deram certo aqui ou acolá. Siga em frente mirando o seu foco !!

4º Amor. Sem paixão e envolvimento, nenhuma das anteriores passa a ser possível! Só seleciona e cria quem é perfeccionista, dedicado e envolvido com a atividade. É Impossível ser nelorista e não ser apaixonado. Não viver apaixonado. Esses animais trouxeram consigo da Índia o feitiço de nos envolver.

E... somos felizes por isso!!!



*Paulo Frange é Médico, Vereador de São Paulo e membro do PMGZ- Programa de Melhoramento Genético em Zebuínos da ABCZ/EMBRAPA.











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