segunda-feira, 9 de maio de 2011

ATENDIMENTO DOMICILIAR DIMINUI CERCA DE 30% DE LEITOS HOSPITALARES

"Como médico cardiologista, vejo a precariedade da falta de leitos hospitalares por todo lado na cidade de São Paulo. Certamente, que algumas regiões mais carentes sofrem mais, como por exemplo a Brasilândia, Guaianases, entre outros. Aqui na Câmara tentamos buscar meios e soluções para os diversos problemas que os paulistanos passam no seu cotidiano. É o atendimento a saúde é direito de todos. Ao lado da Secretaria Municipal de Saúde, busquei ampliar este belo projeto que é o PROHDOM para que mais pessoas possam ter esse benefício e ao mesmo tempo os leitos hospitalares ficarem disponíveis para casos que não há tratamento em casa. No início deste ano, apresentei o PL 97/2011 com o objetivo de tornar esta iniciativa em Lei e assim propagá-lo por todo município. Quero parabenizar a equipe do Jornal O Diário de São Paulo que publicou uma grande matéria sobre o assunto e conseguiu descrever a realidade que hoje passa o município. É por isso que recomendo esta leitura e compartilho abaixo, parte deste material com vocês meus leitores":



JORNAL DIÁRIO DE SP (09/05/11) 

"LUGAR DE PACIENTE É EM CASA"

“ai, ai, ai”, reclama em cima de uma cama Santina Ruggero, de 92 anos. “ai, ai, o quê, minha linda? você está com medo?”, pergunta a médica geriatra Milene Sanda. “Tô”, responde a senhorinha, para então ganhar um afago da doutora e soltar um leve sorriso em seguida.

O diálogo carinhoso acontece longe de uma enfermaria de hospital. Ocorre no quarto da casada filha de Santina, no alto da lapa, na Zona Oeste. É mais uma visita da equipe do núcleo de assistência domiciliar in-terdisciplinar (nadi), do Hospital das Clínicas da usp.

Santina tornou-se uma paciente crônica — quando não há chances de cura — desde que sofreu um acidente vascular cerebral (avc), em abril de 2010. Passou um mês na UTI e outros 30 dias na enfermaria. Ficou totalmente dependente. Não anda mais, alimenta-se por sonda e não lhe restam mais reflexos nem para tossir. Apesar de precisar de cuidados especiais, seu quadro é estável e a internação não é essencial para o tratamento.

Mesmo assim, são pacientes como Santina que lotamos leitos de hospitais públicos e privados. De acordo como titular de geriatria do Hospital das Clínicas, Wilson Jacob, responsável pelo NADI, 30% dos leitos são ocupados por pessoas que poderiam receber o tratamento a geriatra Milene Sanda, do Clínicas, atende em casa dona Santina, 92 em domicílio. Não há necessidade de recursos extras, apenas de orientação adequada da de seu cuidador e de visitas frequentes de uma equipe formada por médico, enfermeiro, nutricionista, fisioterapeuta, entre outros profissionais.

Levar estes pacientes para casa, segundo o médico, não apenas humaniza o atendimento e proporciona o aconchego da família, como também pode ser o caminho para diminuir a fila por vagas de internação nos hospitais.

“Um paciente crônico ocupa um leito por três mês e senão sai de lá curado. Enquanto um paciente agudo em uma semana se recupera. Atendendo um paciente crônico em casa, abrimos vagas para outras 12 pessoas”, detalha o geriatra.

Manter uma equipe de assistência domiciliar é até mais barato do que a hospitalização. “O custo é de 40 a 60% menor, dependendo da complexidade do caso. Mas ainda existe a cultura de que só o hospital resolve”, explica o médico Reynaldo Bonavigo Neto, coordenador do Programa Hospital Domiciliar de Atendimento e internação domiciliar (PROHDOM), criado pela secretaria de saúde da cidade de São Paulo em 2008. Atualmente, são atendidas 532 pessoas, 132 delas “internadas”. As outras têm atendimento ambulatorial.

O Ministério da Saúde informa que a desospitalização é uma meta do governo. No entanto, a assistência domiciliar está longe de ser uma realidade. O programa de internação domiciliar (pid) do Sistema Único de Saúde (SUS), instituído por uma Portaria de 1998, está em apenas 75 hospitais de 15 Estados. Em 2010, foram assistidas 11.242 pessoas. E, segundo o Ministério, agora não há planos de ampliação para a área. A cada dez pessoas no hospital, três poderiam ser tratadas no lar. Além de melhor atendimento, diminuiria a longa espera por leitos.


Clique na imagem para ver o Raio-X sobre os Leitos Hospitalares na Cidade de São Paulo

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