Acompanhando a evolução médica e estudos divulgados pela imprensa, ontem pela manhã li a matéria “Estudo questiona uso de acupuntura para tratar dores” no Jornal Folha de São Paulo. E muito me preocupa a formação dos profissionais. O que é preocupante é a prática de centros e escolas que ministram cursos de rápida duração para jovens que logo em seguida saem como profissionais certificados para atendimento.
Segundo a Associação Paulista de Medicina os benefícios da acupuntura à saúde são comprovados cientificamente. Assim, há mais de dez anos é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira. Além de tratar e prevenir uma série de doenças, também é importante aliada quando utilizada integrada à medicina ocidental, realizada paralelamente ao tratamento convencional, oferecendo conforto e melhora dos sintomas ao paciente.
Bom exemplo disso é sua aplicação no tratamento da dor, uma das mais conhecidas da acupuntura no Ocidente. A partir de um diagnóstico preciso que identifique sua causa, a dor pode ser amenizada e tratada, garantindo qualidade de vida ao paciente. Entre as dores mais freqüentes nos consultórios de médicos acupunturistas, estão da coluna e a enxaqueca. Também oferece ótimos resultados para amenizar o sofrimento e as limitações de pacientes de acidentes vasculares cerebrais (AVCs), chegando a restabelecer movimentos de membros antes paralisados.
A acupuntura também é amplamente indicada no tratamento paliativo de pacientes oncológicos, distúrbios mentais, disfunção erétil, asma, distúrbios do sono, além de atuar na prevenção de doenças coronarianas, tais como infarto e angina.
Portanto, é valido lembrar a importância de qualquer tipo de intervenção ou tratamento à saúde, evasivos ou não, estamos lidando com pessoas, seres humanos que procuram a solução para seus problemas. Tudo isso não pode ser tratado de forma irresponsável.
Matéria na Íntegra do Jornal Folha de SP de 10/04/11
Estudo questiona uso da acupuntura para tratar dores
Pesquisadores apontam falta de evidências sobre eficácia da técnica e dizem que agulhas podem causar problemas. Especialistas rebatem conclusões e afirmam que efeitos colaterais só acontecem em caso de falta de treinamento
Um trabalho publicado neste mês no periódico "Pain" analisou 57 revisões de estudos feitas na Europa, Ásia, nos EUA e no Canadá sobre a eficácia da acupuntura contra dores de cabeça, ombros, coluna ou causadas por fibromialgia, câncer, artrite reumatoide e cirurgias.
De acordo com os autores, foram encontrados resultados conclusivos e positivos do tratamento com agulhas só para dores no pescoço.
Já para os outros casos, não houve comprovação de eficácia da técnica.
Os pesquisadores, das universidades de Exeter e Plymouth, no Reino Unido, e do Instituto de Medicina Oriental da Coreia do Sul, destacam que uma das revisões mais recentes e com melhor metodologia concluiu que a acupuntura simulada (com palitos que não penetram na pele) teve os mesmos bons resultados que a feita com agulhas, para tratar dores nas costas.
Isso sugere, diz a pesquisa, que a melhora observada se deve a "efeitos não específicos", ou placebo, como convicção do terapeuta ou entusiasmo dos pacientes.
EFEITO COLATERAL
De acordo com o presidente da Sbed (Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor), João Batista Garcia, essa conclusão gera ceticismo quanto à terapia. "Mesmo pesquisas de alta qualidade [incluídas no estudo] não provaram efeito benéfico."
Outra conclusão "alarmante", segundo Garcia, que é professor na Universidade Federal do Maranhão, são os efeitos colaterais relatados.
A maioria deles foi decorrente de infecções bacterianas por agulhas contaminadas, tratadas com antibióticos. Mas quatro pacientes tiveram seus pulmões perfurados e morreram.
Em comentário publicado com a pesquisa, a médica Harriet Hall, que se autodenomina "cética", classifica a acupuntura como "nem eficaz nem inofensiva".
"A acupuntura é o melhor placebo que existe", afirmou a americana à Folha. "A terapia combina uma mística oriental a um ritual elaborado. O paciente relaxa durante o tratamento, e o terapeuta é persuasivo, confiante e carismático."
DEFESA
Para o médico acupunturista Hong Pai, do HC de São Paulo, a falta de eficácia e os efeitos colaterais anotados na pesquisa se devem ao treinamento falho dos terapeutas em muitos países.
"Os meus alunos fazem 600 horas de treinamento e ainda não saem perfeitos. Imagine quem tem cem ou 120 horas [como em países europeus]?"
O especialista chinês, que trabalha no HC desde 1989, afirma que a equivalência entre a acupuntura placebo e a real pode acontecer em alguns casos, porque algumas dores exigem estimulação só superficial dos pontos.
Crédito da Foto: Site Vida Saudável
Vereador de São Paulo no 5º mandato, médico cardiologista e administrador hospitalar.
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