quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

ENTRE O CARRO E A COMIDA!

Estamos em crise! A crise chegou, bateu a nossa porta, entrou pela sala, se acomodou no sofá e, descobrimos que para o Brasil, a crise só é notícia bombástica quando se fala em empregos da indústria, em especial a Indústria Automobilística. Os remédios de sempre surgem rapidamente. Afinal, somos especialistas em crises. Financiamentos, desoneração do setor (IPI), dinheiro para salvar a Indústria, mudanças nas taxas de juros, fusões de Bancos, etc, etc.

Meu Deus! Como é bom em tempos de crise, um Presidente da República metalúrgico. Por favor, salve a nossa indústria automobilística tão sonhada e implementada por Juscelino Kubitschek. Mas, pensando aqui com meus botões, percebo que o brasileiro não come carro. Ele precisa do carro para trabalho, lazer e transporte. Até para status! Afinal, é um orgulho nacional a indústria automobilística.

Aí então, me vem ao pensamento: e a agropecuária? Impossível desconhecê-la. Até mesmo o mais simples brasileiro e o mais estúpido dos governantes ou representantes públicos sabem que até a chegada da crise, representava 36% das exportações do Brasil. Pobre... rico campo brasileiro. Apelaram até para o neologismo “agronegócios”, para manter o preconceito e as grosserias ideológicas que estigmatizam os produtores rurais, ruralistas, setor agrícola e, não interessa o nome! Mas, vamos respeitá-los. Os números traduzem o meu desabafo: 24% do produto interno bruto (PIB) com 1 milhão de estabelecimentos grandes, médios e pequenos, representando 37% das vagas de trabalho no Brasil.

É preciso ter compromisso e respeitar o empresário rural brasileiro. Não importa o seu tamanho.

Agora, no fim desse túnel, com todo o respeito, alguém de “peito” assume a presidência da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com conhecimento, determinação, foco e disciplina. Trata-se, pelos adjetivos de alguém do sexo feminino, Senadora da República de um Estado caçula na União, o Tocantins, e nela depositamos muita, muita esperança.

Afinal, o campo é inquestionavelmente o maior detentor do trabalho das mulheres. Para cada trabalhador rural, lá está a sua companheira, esposa e família. Não se trabalha no campo sozinho, e a mulher tem um papel extraordinariamente importante.

Vem aí um desafio para você, senadora Kátia Abreu. As commodites da produção agropecuária do país perderam cerca de 23% em dólar com a crise, e os empregos do campo, a indústria a céu aberto, não vem recebendo a mesma atenção que é dada aos funcionários das indústrias, inclusive a automobilística.

É o campo que alimenta este país e parte do mundo e nós humanos, fizemos opção por comer arroz, feijão, milho, soja, frutas, suínos, bovinos, ovinos, caprinos, leite e derivados, etc. Não queremos comer carros, peças, pneus, etc. Apenas usá-los.

Enquanto aguardamos por uma solução ágil do nosso querido Presidente Metalúrgico, esperamos que a CNA, dirigida por Kátia Abreu bata à porta do Gabinete da Presidência e seja recebida para ensinar o que é e o que representa o Brasil rural. Afinal, essa é a única atividade do país que tem 500 anos! Nossos índios já sobreviviam quando aqui chegaram os portugueses.

É só um desabafo! Faça o seu também. Fique indignado. Reclame. Cobre de qualquer autoridade que está perto de você, a atenção e o respeito para com o homem do campo. Grande parte deles são muito, muito humildes, falam pouco e não tem nem tempo para fazer greve e reivindicar seus direitos. Quem iria ordenhar a vaquinha, curar o umbigo do bezerro recém parido? Milho para as galinhas? Por ser assim, sem tempo, ficaram décadas sendo tratado de forma imoral pela CLT que diferenciava o trabalhador urbano e rural, tendo a Constituição ao seu lado, garantindo-lhes “diretos” iguais. Essa, a Constituição só estava ao seu lado! Foram discriminados e na prática, continuam discriminados. Com muita fé, característica do homem do campo, vamos continuar aqui no campo, trabalhando e apostando que a saída dessa crise tem uma porta enorme aberta, e uma estrada já pavimentada com uma seta indicando: BRASIL RURAL. Êta nois !!!

PAULO FRANGE – Vereador no seu 4º mandato, 2º Vice Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, membro permanente da Comissão de Finanças e Orçamento, médico cardiologista há 30 anos e pecuarista.

Um comentário :

NAMASTE disse...

Nao tao somente as empresas automobilisticas,mas Lula erra qdo centraliza atençoes em banqueiros falidos e banqueiros que especulam a ajuda estatal